Amamentar, para muitas mães, é um momento único, cheio de expectativa, dúvidas e, claro, inseguranças. Não faltam opiniões, palpites e conselhos, vindos de todos os lados. E, nesse mar de informações, é fácil se perder em mitos que pouco ajudam – e até atrapalham. Eu já ouvi mães hesitando, com medo de não “fazer direito”. Se você já sentiu isso, saiba que não está só.

Aqui vai um alerta sincero: mitos sobre amamentação exclusiva estão em todo lugar. E, às vezes, conseguimos identificar um só de ouvir, mas outros parecem tão verdadeiros que ganham uma credibilidade injusta.

Vamos falar, sem rodeios, sobre sete desses mitos e o que realmente está por trás de cada um.

1. Leite fraco existe?

Se há um mito que resiste ao tempo, é esse. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que o bebê está chorando muito porque o leite é “fraco”?

Leite materno nunca é fraco.

O leite materno é sempre adequado para as necessidades do bebê. Mesmo em mães com alimentação restrita, o leite contém tudo que o bebê precisa para crescer saudável nos primeiros meses de vida. O que pode acontecer, na verdade, é o bebê estar mamando pouco volume, por pega incorreta ou pouco tempo no seio, o que reduz a oferta do leite mais gorduroso e nutritivo da “segunda fase”.

Consistência, aparência e coloração variam de acordo com a hora do dia e o tempo de mamada, mas isso não significa fraqueza.

2. Seios pequenos produzem pouco leite?

Outra crença arraigada: “Meu seio é pequeno, não devo conseguir amamentar direito.”

Tamanho do seio não define a quantidade de leite.

Muito do volume dos seios é formado por tecido gorduroso, e não por glândulas mamárias. Mulheres com seios pequenos podem ter produção abundante e suficiente para o bebê, enquanto o oposto também acontece. É o estímulo da sucção regula é estimula a produção, não apenas o biotipo da mãe.

3. Amamentar em livre demanda “estraga” o bebê?

Parece até estranho, mas essa ideia circula. Alguns dizem que, se o bebê mama toda hora, fica mimado ou sem rotina.

Bebês precisam de colo, carinho e peito – na hora que pedirem.

O leite materno é digerido rapidamente, e a fome pode aparecer em intervalos curtos. Cada bebê tem seu ritmo, e amamentar em livre demanda não “estraga” ninguém. Na verdade, é o que promove o vínculo e garante a nutrição ideal, como reforçam especialistas. Além disso, o apoio prático à mãe faz toda diferença nesse processo.

Eu já vi mães aliviadas quando percebem que não existe “horário certo”. O melhor relógio, aqui, é o bebê. Não se prenda ao relógio, mas observe que seu bebê mame o necessário, e para avaliar isso, manter o acompanhamento de rotina com o pediatra é fundamental.

4. Dor ao amamentar é normal?

Esse tema é sensível. Muitas mulheres escutam: “No começo, dói mesmo, aguenta.”

Amamentar pode não doer!

Sim, há desconforto nos primeiros dias, mas dor intensa, fissuras ou sangramento não são aceitáveis. Normalmente, isso indica pega incorreta ou outro problema técnico, como mostram estudos, como explicado aqui. Procurar ajuda cedo faz diferença. Vale pedir orientação e não normalizar o sofrimento.

Eu já acompanhei mães chorando, exaustas, só por não saberem que existiam pequenas soluções. Às vezes, uma simples mudança de posição transforma a experiência.

5. Dieta restrita na amamentação é regra?

Quem nunca ouviu que não pode comer isso, deve-se evitar aquilo, cortar determinado tempero?

Em geral, a alimentação da mãe deve ser variada e equilibrada!

Não existem provas de que alimentos comuns, como feijão ou brócolis, afetem negativamente o bebê através do leite. Só deve haver restrição alimentar se um médico identificar alergia ou intolerância. A orientação profissional sempre é recomendada, mas a maioria das mães pode sim comer de “tudo”, com bom senso.

Já notei que as mães ficam mais tranquilas quando entendem que não precisam viver sob regras tão rígidas….

6. Mamadeira e chupeta atrapalham a amamentação?

Essa ideia realmente divide opiniões. Mas estudos comprovam: a introdução precoce de mamadeira e chupeta interfere sim.

Mamadeiras e chupetas podem confundir a sucção e causar desmame precoce.

O movimento da boca do bebê é diferente ao mamar no seio, quando comparado ao esforço realizado num bico artificial. Essa confusão pode levar ao abandono do peito antes do tempo esperado.

Não é uma regra universal, claro, mas cabe sempre avaliar junto ao pediatra o melhor caminho.

7. Deve haver um tempo determinado de mamada?

Há quem aconselhe: “Dez minutos em um seio, depois dez minutos no outro.” Mas cada bebê é único.

O tempo de mamada deve respeitar o ritmo do bebê.

O importante é deixar o bebê esvaziar um peito antes de passar para o outro, para receber toda a parte mais gorda e nutritiva do leite. Impor cronômetro pode atrapalhar o processo natural da amamentação, como mostram especialistas consultados sobre o tema. A livre demanda — aquela palavrinha que aparece de novo — é o melhor guia.

Conclusão

Amamentar, de verdade, precisa menos de regras rígidas e mais de acolhimento, compreensão e informação de qualidade. Mitos só afastam. Informação, aproxima. Aqui sigo lado a lado com as famílias que buscam crescer nesse caminho, acreditando na força do conhecimento aliado ao carinho.

Confie em você. E confie no seu bebê.

Se tiver dúvidas, não hesite em buscar orientação personalizada – agende sua consulta, conheça meu trabalho e viva a maternidade com leveza. O cuidado pode (e deve) começar cedo.

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Dra Ana Balloti

SOBRE O AUTOR

Dra Ana Balloti

Dra. Ana Balloti é pediatra geral, neonatologista e consultora internacional em amamentação (IBCLC), a Dra. Ana Balloti dedica sua carreira ao cuidado integral de bebês, crianças e adolescentes, com acolhimento e informação de qualidade para famílias em todas as fases da maternidade e paternidade. Com formação pela Faculdade de Medicina de Marília, residência em Pediatria e Neonatologia na Santa Casa de São Paulo e estágio internacional no Montreal Children’s Hospital (McGill University – Canadá), Dra. Ana alia experiência clínica com atualização constante. Atua em consultório em Moema, Paraíso (São Paulo), Campinas e Jundiaí, além de integrar equipes de UTI Neonatal em hospitais de referência como o HU Jundiaí, São Luiz Campinas, Madre Theodora e Amparo Maternal. Neste espaço, compartilha orientações seguras sobre aleitamento materno, desenvolvimento infantil, cuidados com o recém-nascido e temas do dia a dia da pediatria — sempre com linguagem acessível e empatia.

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